No Público de TR 09OUT07, Vital Moreira verbera a estropiada campanha da Igreja Católica e seus apoiantes contra a reforma do regime de assistência religiosa nos hospitais.
Reforma muito tímida, é certo. E tão receosa que até parece revelar um inexplicável temor reverencial.
A campanha, desencadeada sob a batuta da própria Igreja, e orquestrada pelos seus mais cegos seguidores, é característica das lutas de gente sem escrúpulos, habituada a dominar a todo o transe, com ou sem título, com legitimidade ou sem ela, sem peias, sem estribeiras, sem razão, sem maneiras, sem a mínima seriedade. Como sublinha o Prof, «fiel à sua tradição "constantiniana"».
No seu histerismo, a Igreja Católica, os seus “barões” e as suas hordas, não discutem com apelo à inteligência e à serena verdade. Nada disso: lançam toda a espécie de confusas atoardas, de grossas aleivosias, de indemonstráveis insinuações, a coberto de falsas afirmações e de outras excitações.
Diz-se, do outro lado da barricada, que o Estado revela ainda alguma insegurança e que mantém, até, algumas concessões inadmissíveis. Basta um exemplo: porque vai, por ora, o Estado suportar as despesas que resultam da assistência religiosa dos enfermos hospitalizados, se fora dessa situação tal encargo não é da sua conta?
É um trabalho muito lúcido, o do Prof de Coimbra. (Muito mais sereno que este meu desabafo). É um artigo que urge ler, para ficar inteirado (e bem documentado) sobre todo este despropositado alvoroço, acerca de toda esta ardilosa campanha, sobre esta vergonhosa excitação histérica de alguns católicos.
Acerca do dislate, VM resume: «aos interessados seguiram-se os prosélitos. (...) E aos prosélitos seguiram-se os comentadores de várias extracções, que, sem se questionarem sobre a credibilidade das acusações, se apressaram a verberar uma imaginária ofensiva "laicista" e "jacobina" contra a Igreja Católica e contra os direitos dos doentes internados nos hospitais.»
E mais adiante: “Vem longe o dia em que a Igreja Católica renuncie a instrumentalizar o Estado ao seu serviço e a largar o lugar cativo à mesa do Orçamento”. (Esta passagem fez-me lembrar uma outra, de Oliveira Martins, acerca de outros condes, viscondes e monsenhores que também não desgrudavam da mesa do orçamento).
O artigo do Prof Vital Moreira analisa detalhadamente a controvérsia. E sem se esquecer de mencionar nomes. Desmonta as invenções propaladas e descreve a verdade do que está em preparação para regulamentar, finalmente, uma matéria que está com décadas de atraso nessa reforma.
Porque é um sinal dos tempos, porque é um texto paradigmático (além de lúcido, sereno e bem documentado) e porque merece ser lembrado, é por isso que o transcrevo no APOSTILA: “AINDA OS CAPELÃES”.
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