segunda-feira, 8 de outubro de 2007

O PACOTE LEGISLATIVO ANTICORRUPÇÃO DE JOÃO CRAVINHO

Ultimamente muito se tem voltado a falar no pacote legislativo anticorrupção de João Cravinho, rejeitado pela bancada do PS.
Tudo na sequência da entrevista que o ex-deputado deu à revista VISÃO, na edição de QI 04OUT07.
Muitos meses depois, o “pacote” continua por aprovar.

Cravinho vem lembrar que havia divergências manifestas e profundas entre ele e o grupo parlamentar do PS sobre a matéria, em questões fulcrais.
Refere mesmo a estranha contenção do presidente do grupo parlamentar (Alberto Martins) que confirmava a existência do fenómeno em Portugal, mas que, no seu entender, Portugal não estava numa situação especialmente gravosa.

De facto, Cravinho, estupefacto, indignado, tinha razão: “Foi dos maiores choques da minha vida o mal-estar que o debate da corrupção causou no PS”.

Seria necessário, no entendimento do grupo parlamentar, e do respectivo líder, que se chegasse a uma latino-americanização da situação?

Por mais que se queira pôr água na fervura, por melhor que seja o apreço em que se pretenda manter os actuais interventores no processo... É difícil não ver aí uma mão invisível a manejar os cordelinhos...

Depois é preciso não esquecer que nem todas as marionetas são tão inócuas, tão inocentes, tão puras quanto alguns querem fazer crer.

Na última SX 05OUT, já depois, portanto, da entrevista que tão mal estar causou em certos meios afectos ao actual governo, Cravinho reconhecia ao PÚBLICO, em Londres, que "um dos nossos problemas é a corrupção de Estado, a apropriação de órgãos vitais de decisão por parte de lobbies."

Segundo o mesmo jornal faz constar, o «Pacote de João Cravinho ainda gera mal-estar no PS», e «Alberto Martins, líder do grupo parlamentar socialista, diz que ex-deputado "distorce a verdade"».

Como já antes referira, repito: porque razão João Cravinho foi afastado, foi “chutado para cima” como se costuma fazer aos impolutos que vão à luta, que não desarmam, que “incomodam”, que se tornam “importunos”...?

Alberto Martins, qual dama ofendida, ou margarida enxofrada, não gostou do que Cravinho desabafou e pretendeu, mesmo, dar lições ao seu camarada sobre o que é que vale ou não em democracias modernas...

Alberto Martins talvez esteja a prejudicar a sua imagem quando nos faz crer que, afinal, até saberá bastante sobre até onde se pode ir numa democracia moderna...

E até talvez se não importe com isso!

Há meses atrás, dizia eu nestas páginas: “Não há dúvida: Sampaio, Ana Gomes e Cravinho são um fermento que não leveda a actual massa genérica de políticos... Nem dentro do seu próprio partido.

Confirmo.

Escrevia-o a propósito deste assunto. Que recordo, agora:
A GRANDE E PRÓSPERA INDÚSTRIA

E tudo continua de vento em popa. Até com uma ajudinha do novo CPP que, segundo Euclides Dâmaso, director do Departamento Central de Investigação e Acção Penal de Coimbra, «não serve para enfrentar este tipo de criminalidade e "veio prejudicar o equilíbrio de armas". "Estamos muito pior”, nessa matéria, afirma ainda. Acrescentando que ele apenas "serve para enfrentar as situações criminais de baixa densidade - as bagatelas penais" – cfr Público de SX 05OUT07.

Os senhores da grande e próspera indústria da corrupção têm todos os motivos para continuarem felizes. E para estarem contentes com este governo.

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