domingo, 14 de outubro de 2007

SEXUALIDADE

Uma passagem pelo “A VER O MUNDO” de JCM, sempre empenhado com a actualidade e com as questões mais candentes, dirigiu-me a atenção para a matéria da sexualidade tratada num blogue onde a profundidade das questões debatidas e a qualidade científica dos autores dos posts, fazem do DE RERUM NATURA, um blogue de referência e de visita obrigatória.

A igreja de Roma, quanto mais próxima das sua raízes filosóficas e do humanismo com que olhava e acompanhava os seus fiéis se manteve, mais se aproximava dos genuínos ensinamentos de Cristo, antes de os mesmos serem avaliados pelos doutores da instituição que ele fundara e cuja hierarquia, cada vez mais virada para preconceitos de conveniência, ia moldando aos seus propósitos de cada vez mais acentuada misoginia, conquanto fale da mulher em termos de mais ou menos calculada e farisaica respeitabilidade, mas mantendo, na prática, por ela, a repulsão e o desprezo que a prática não se cansa de sublinhar.


“Durante o apogeu da cristandade não havia qualquer proibição eclesiástica em relação ao uso de métodos contraceptivos, inclusive o actualmente tão execrado preservativo. Assim, a Europa medieval estava inundada de tratados médicos recomendando métodos para evitar a concepção – recorda um dos textos para que se remete. E, não muito depois, constata:
“O carácter epidémico da sífilis foi muito rapidamente reconhecido, embora as causas do contágio demorassem algum tempo a ser entendidas. Mas quando o foram, implicaram profundas revoluções sociais - nomeadamente no que respeita à ingerência religiosa em matéria de sexualidade”

Natural que hoje pasmemos com o fátuo arcaísmo da actual hierarquia da igreja de Roma, quando os riscos que se correm não serão os mesmos, mas também não serão nem em menor quantidade nem nada menos graves. Muito pelo contrário.


A remissão é feita, neste caso, para dois posts do DE RERUM NATURA.
Aí se trata dos métodos contracepcionais desde a mais remota ancestralidade até aos mais consentâneos com as graves consequências trazidas pela sexualidade mal interpretada e mal vivida, até há séculos atrás, quando a igreja de Cristo se empenhou viva e eficazmente no acompanhamento e na superação do problema.
Tudo em chocante contraste com as mais canhestras manifestações das mais recentes hierarquias da igreja de Roma.

E descendo à consideração de um dos aspectos do problema, o blogue detém-se, desta vez, na análise, apenas, do preservativo nesses dois posts.

Breve história do preservativo: antiguidade

Breve história do preservativo - II


Nunca é demais abordar tão importantes – e vitais – questões.

3 comentários:

JR disse...

Meu caro Zé Luís, o meu amigo já tem idade suficientemente para não se surpreender com certas coisas.
O que se passa na relação da igreja com o corpo e a sexualidade tem um nome e é dado pela psicanálise: formação reactiva. Não se esqueça: formação reactiva.

Trata-se de um mecanismo de defesa do ego e consiste em exibir perante os outros comportamentos e ideias que são precisamente o oposto do que, intimamente, esse ego é.

Neste caso, a obstinação eclesiástica relativamente ao corpo e à sexualidade mostra que a sua relação com tais realidades, está muito longe de estar pacificada e resolvida.

JR

jlf disse...

Não estou a ver onde é que revelei surpresa. Porque, na realidade ela não existe. Limitei-me a confirmar uma velha constatação.
Substituí, na verdade, o mecanismo de defesa descrito por Freud, de que o ZR fala, por “preconceitos de conveniência”, não tanto por supina, ou menos grave ignorân-cia, mas para usar expressão geralmente melhor entendível.
A única surpresa que me podia ocorrer era a de que o Divino espírito Santo não tivesse iluminado, em tantos séculos, nenhuma das pardas eminências, que borboleteiam em redor da sua luz (o papa), mais familiarizadas com as teses freudianas, para esclarecer a situação.
Que já nem essa seria surpresa. Todos nos habituámos, de há muito, a concluir que o Espírito Santo, muitas vezes, é pura e simplesmente ignorado quando não segreda de acordo com os objectivos pretendidos pelo seu perscrutador. De mais a mais, os bispos são uma classe de muito rígidos princípios corporativos. De uma ética implacável, consequência de um carácter asséptico.
Como não se prevê nenhum terramoto de mentalidades, tudo continuará, assim, na santa paz do Senhor. Até ao fim dos tempos. Ou como diz o meu amigo: "muito longe de estar pacificada e resolvida".

bettips disse...

Pouco sabia de como "era" tratada esta questão sob o ponto de vista "eclesiástico". Gostei de saber que tem um nome "formação reactiva" dado pela psicanálise e informado pelo JR. Constato que a formação reactiva é realmente um mecanismo complexo mas muito utilizado, em tantas áreas do diário humano. É vê-los todos, aos magotes...Abç

 

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